domingo, 10 de março de 2013

EMPREGO PARA MAIORES DE 40 -2013

Maria Bernadete Pupo: empregabilidade acima dos 40 anos

 
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Daniel Limas
Maria Bernadete Pupo é especialista em um assunto bastante polêmico e que gera muitas dúvidas nos profissionais: a empregabilidade após os 40 anos. Tema que gerou o livro “Empregabilidade acima dos 40 anos”, da editora Expressão e Arte.
Profissional com mais de 20 anos de experiência na área de Recursos Humanos, ela decidiu se especializar neste tema após ser procurada constantemente por profissionais mais experientes que viviam se queixando da dificuldade em recolocar-se no mercado.
Hoje, Maria Bernadete Pupo atua na coordenação do Departamento de Recursos Humanos do Centro Universitário FIEO e presta consultoria de RH. A profissional é formada em Administração de Empresas com ênfase em Recursos Humanos pela Universidade Anhembi Morumbi, é pós-graduada em Direito do trabalho e Mestra
De onde surgiu a ideia de escrever o livro Empregabilidade acima dos 40 anos?
Como consultora de RH, constantemente era procurada por profissionais mais experientes queixando-se da dificuldade em recolocar-se no mercado de trabalho e de como deveriam agir para se tornarem mais competitivos. Esta inquietação me motivou a desenvolver minha pesquisa de mestrado focando este tema. O resultado foi tão interessante que se transformou num livro.
Há uma tendência de empresas voltarem a contratar profissionais mais experientes, acima de 40 anos? Por quê?
Sim. O preconceito da idade começa a ceder espaço aos “quarentões”, que até muito pouco tempo estavam relegados à espera do sistema previdenciário. Hoje, a tendência do empresariado é a de unir o potencial do jovem com a “experiência dos mais experientes”. O diferencial está exatamente em contratar profissionais ativos, atualizados e que tenham acesso às informações gerais e específicas de sua área de atuação. Trata-se de buscar competências agregadas pela via do conhecimento específico e pela multifuncionalidade que tornam o profissional apto a uma recolocação no mercado de trabalho.
O que motivou as empresas a fazerem isso? Foi apenas uma questão de custo?
Num sistema capitalista como o nosso, não podemos desconsiderar a questão do custo, porém as organizações forçadas pela concorrência e pela busca constante da competitividade estão aos poucos readequando suas necessidades. Percebe-se que quando a empresa precisa de talentos com potencial é por meio de programas de trainees que ela procura jovens. Mas, se o cargo requer disseminação de valores e competência, ela contrata pessoas mais experientes.
Essa tendência vem do exterior?
Essa é uma tendência do mundo capitalista. Queiram ou não, as organizações podem se beneficiar da sabedoria dos mais experientes que geralmente são mais diretos e assertivos e que normalmente retornam ao mercado de trabalho com um custo mais reduzido.
Não contratar os mais velhos é uma exclusividade do Brasil ou essa realidade também existe em outros países?
As realidades são muito diferentes. Por exemplo, no cenário europeu de países como França, Alemanha e Dinamarca há uma pirâmide demográfica invertida. Ou seja, há mais velhos e menos jovens. É normal também os jovens optarem por retardar o início da vida profissional até concluir a pós-graduação. Sendo assim, o mercado de trabalho, sem poder contar com essa mão-de-obra mais jovem, volta suas atenções para os mais experientes.
Recentemente li uma notícia de que a França está lançando um plano para incentivar pessoas mais idosas a voltarem ao trabalho. Li também um artigo sob o título “Melhor idade é resposta para o dilema demográfico alemão”, que retrata a problemática que a sociedade daquele país está enfrentando com a sua população cada vez mais velha. Desta forma, na Alemanha, a vasta experiência dos mais experientes é vista cada vez mais como uma qualidade. Grandes empresas mantêm antigos funcionários em serviço por mais tempo ou contratam profissionais mais experientes, cuja fase de treinamento é bem mais curta do que a dos novatos.
Que segmentos empresariais estão contratando mais estes profissionais?
Vários são os segmentos que estão cedendo espaço aos mais experientes. A aviação é um dos segmentos que passaram a contratar profissionais mais experientes. Não são mais somente as jovens lindas que conseguem emprego, mas especialmente as pessoas dinâmicas, maduras e educadas o suficiente para lidar com pessoas que conquistaram esta oportunidade. Trabalhar na aviação requer um perfil específico. Os jovens, queiram ou não enfrentam problemas pelas ausências constantes de suas bases. Já o mais experiente, geralmente com a sua vida estabilizada, tem mais disponibilidade para ficar mais tempo fora de casa.
Os supermercados também têm como prática contratar profissionais mais experientes. Algumas redes de alimentação como a Pizza Hut e o Bob´s também estão contratando pessoas com mais idade. Algumas operadoras de telemarketing estão adotando esta estratégia, visto a grande dificuldade em encontrar profissionais disponíveis e comprometidos. Com essa iniciativa todos ganham – os mais experientes atuam como conselheiros e companheiros dos mais jovens. Por outro lado, os jovens transmitem mais energiae jovialidade aos mais experientes.
Com isso, o resultado maior fica por conta da satisfação do cliente.
Quais as vantagens para as empresas ao contratarem profissionais mais experientes?
A prática de inclusão social faz com que os mais experientes tenham a oportunidade de diminuir as diferenças, que se fazem iguais quando colocadas num grupo que as aceitem e as consideram. Esse reconhecimento social vem servindo de exemplo para outras organizações.
Há muitas razões pelas quais os olhares estão se voltando para esse público:
- O aspecto econômico é um diferencial, pois geralmente os profissionais mais experientes são aposentados e com isso a empresa pode pagar um salário menor.
- Aptidão para assumir postos que, em outras ocasiões, exigiriam treinamento prévio para pessoas mais jovens.
- Transmissão de conhecimentos para os mais jovens. Os setores industrial e fabril estão adotando essa prática devido à dificuldade com qualificação profissional.
- Oportunidade para os empregadores reduzirem custos com encargos sociais, contratando-os por projetos, como prestadores de serviços, entre outras opções.
- Além do equilíbrio e amadurecimento, outra vantagem dos mais experientes em relação aos jovens é o envolvimento e disponibilidade de tempo.
O que um profissional acima de 40 anos deve fazer para não ser demitido ou ser recolocado no mercado?
Se você trabalha para a iniciativa privada, a possibilidade de ser demitido sempre existirá, porém, cabe ao profissional incorporar qualidades, habilidades e desenvolver cada vez mais competências para manter-se no emprego.
Independente da idade, atualização constante é o primeiro passo, seja por meio de cursos, leituras, pesquisas e por aí vai.
Para ser recolocado no mercado de trabalho, o profissional precisa manter “o seu produto” atualizado, preparando-se para enfrentar as novas condições econômicas, revisando a autocapacitação.
Se preparar para aceitar novas formas de trabalho como prestação de serviços, trabalho por projetos, serviço autônomo, cooperativa de serviços, como terceirizado, dentre outras.
Manter atualizada a rede de amigos para facilitar a indicação para o mercado de trabalho (networking).
Manter o entusiasmo procurando focar aquilo que lhe dá prazer.
Cuidar da aparência e saúde
Elaborar um portfólio profissional adequado com foco na área em que pretende atuar.
Se este profissional for demitido, o que ele deve fazer?
A experiência tem me mostrado que desenvolver a empregabilidade requer do indivíduo a busca do aprendizado contínuo e da descoberta de novas habilidades. É neste contexto que se descreve o perfil de um novo trabalhador, que não cabe mais dentro dos limites do operário padronizado do modelo taylorista-fordista. Em decorrência disto, o clássico contrato, que regia as relações de compra e de venda da força de trabalho, vem cedendo lugar a novas formas de modalidades jurídicas, como contrato temporário, de tempo parcial, do profissional liberal, e de prestação de serviços, nas quais prevalecem serviços prestados por profissionais independentes. De fora dos muros das empresas, o trabalhador ganha, assim, independência contratual e autonomia organizacional, tornando-se um vendedor e empresário de si próprio e não mais vendedor de simples força de trabalho. É possível que com tantas habilidades adquiridas ao longo do tempo e destacadas competências, que o profissional acima de 40 anos, vá a busca da conquista de seus sonhos, mas diferente daquele sonho de criança. Vá a busca de um sonho planejado.
 http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/noticias/maria-bernadete-pupo-empregabilidade-acima-dos-40-anos

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